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fotos : j.p. sousa
O Governo aprovou ontem (17 Dezembro ) , em Conselho de Ministros, a proposta de lei para permitir o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Finalmente.
Juntamente com o referendo sobre o aborto, esta foi uma das discussões mais aborrecidas que tivemos de suportar.
Ainda bem que isto acabou e dou as boas-vindas aos casais homossexuais ao fascinante mundo do matrimónio.
Próxima etapa: convencer as confissões religiosas tradicionais que uma pessoa também pode amar alguém do mesmo sexo e amar a Deus ao mesmo tempo. Vai ser difícil, mas não desesperem.
O tempo dá sensatez a toda a gente.
Mas antes de conquistar o mundo monoteísta, há ainda outras batalhas a ganhar.
Por exemplo, a adopção, que, embora não perceba por quê, não está incluída no pacote casamenteiro.
O diploma exclui a possibilidade de estes casais poderem adoptar crianças.
É aberrante pensar que o Estado autoriza duas pessoas a contrair os laços do casamento na condição de estarem proibidos de adoptar crianças.
Se ante a lei é um casamento, este deve incluir todos os deveres e direitos, senão não é um casamento.
É uma espécie de associação legal similar a um negócio ou a uma empresa qualquer.
Se eu fosse o deputado Miguel Vale de Almeida, cara visível da comunidade atingida por esta lei, revoltava-me e sugeria que guardassem esta lei nas intimidades dos deputados que a redigiram.
A história da humanidade foi feita com filhos de heterossexuais.
Já tivemos de tudo: boas pessoas, sádicos, místicos, fanáticos, valentes e cobardes.
Quem julgue que um casal homossexual pode criar alguma coisa diferente do que já conhecemos está enganado.
Mas se por acaso um tal casal produzisse um espécime humano diferente, não teria nada contra.
Pior do que tivemos até agora é que é impossível.
Fora isso, tudo bem.
Publicada por Carlos Quevedo, blog O Sr. Comendador.
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ADENDA AO POST
Comentário aos comentários:
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Gostava de saber escrever bonito, mas não sei, por isso aqui vai de uma forma mais grosseira o que penso.
A homofobia (homo=igual, fobia=do Grego φόβος "medo"), é um termo utilizado para identificar o ódio, a aversão ou a discriminação de uma pessoa contra homossexuais e, consequentemente, contra a homossexualidade, e que pode incluir formas subtis, silenciosas e insidiosas de preconceito e discriminação contra homossexuais.
Pois bem, homofóbico eu não sou, como também não tenho medo de Brancos, Vermelhos, Pretos, Manetas, Pernetas, Cegos, Inteligentes, Bonitos, Feios, Gordos ou Magros.
Eu gosto de pessoas!
Eu respeito as crenças e os valores de cada pessoa como se fossem as minhas crenças e os meus valores.
Já aqui no Lontrices fiz post sobre a homofobia, várias vezes, assim como outros fiz, sobre a forma como se enunciam as lutas, luta CONTRA isto e aquilo.
Porquê o CONTRA?
Porquê “ luta contra a fome” e não a “luta pela distribuição de riqueza”?
Porquê “luta contra o cancro” e não “luta pela investigação da cura do cancro”?
Porquê “ luta contra a guerra” e não “luta pela paz e fraternidade”?
Os homossexuais lutam, normalmente esses lutas não são CONTRA a homofobia, se repararem elas são “lutas pela igualdade” , “luta pelo direito a...” ou, ainda mais forte, desfiles Gay PRIDE e, que eu saiba, Pride não quer dizer CONTRA.
Quem sou eu para julgar as “formas” como cada um luta pelos seus valores e crenças, quando não gosto da forma ou do meio utilizado apenas não lhe dou valor, não lhe dou atenção mas, fazer juízos de valor, não sei fazer.
No caso dos homossexuais, posso não gostar de excessos que se vêem nos desfiles, posso não gostar dos exibicionistas, posso mesmo não concordar com algumas das reivindicações.
Também não gosto de ver ideologias de esquerda defenderem “um dia CONTRA (ou SEM) o Berlusconi” (que por acaso está no governo pela 3ª vez porque foi eleito pelo povo num pais democrático) e nunca ver “um dia pela Liberdade no Tibete” ou “um dia pela Liberdade da Sra. Aung San Suu Kyi, na Birmânea” ou ainda “um dia pela Liberdade do povo oprimido por Robert Mugabe no Zimbabwe”, também não gosto de ver os ecologistas ou selvagens fazendo-se passar por eles, a destruir cidades como aconteceu em Copenhaga na semana passada ou os “anti-globalização” a partir montras e incendiar carros nas reuniões do G8.
Seguramente não gosto que uma centena de crianças adoptadas por heterossexuais sejam anualmente “devolvidas” como se fossem “coisas fora de prazo de validade”, não gosto que 380 recém-nascidos de casais heterossexuais fiquem anualmente abandonados nos hospitais de Portugal.
Como podem ver não gosto de muitas coisas, e quando não gosto, dou a minha opinião e a única coisa que espero é “só” que a minha opinião seja respeitada, nada mais, nada menos.
Estou convencido que estas discussões inflamadas sobre os casamentos de homossexuais e até sobre a possibilidade de estes adoptarem é uma perda de tempo e tem como base o equívoco que é pensar que se podem alterar os valores e crenças dos outros em vez de os tentar entender e respeitar.
Apenas estamos a falar de Amor, nada mais!
Cada um tem a sua visão de como quer materializar o amor, eu amo e não vejo vantagem no casamento, não sou casado, isso não quer dizer que é impossível outros pensarem que o casamento é fundamental para a materialização de um amor, que seguramente, não é maior ou menor que aquele que eu vivo.
O facto de os homossexuais quererem ter a possibilidade de adoptar uma criança não garante à partida que essa criança vá ser feliz ou infeliz, não vai garantir que essa criança não vá ter liberdade de escolher os seus valores ou que essa liberdade esteja à partida condicionada, pode ser que sim, pode ser que não, e num casal heterossexual, é diferente ?
Acima de tudo está o facto de não ser garantia que um casal homossexual dê mais ou menos Amor a uma criança sem família do que daria um casal heterossexual, com o sofrimento e abandono que vemos por aí, não nos podemos dar ao “luxo” de desperdiçar amor, carinho e afecto. Alguém discorda?
Eu entendi cada opinião vossa, entendi e respeitei, se não gostam de algo não apoiem, se não se sentem confortáveis a ver certas coisas, não as olhem, se não entendem certas atitudes ou formas de viver a vida tentem compreender, na minha opinião a solução nunca é lutar CONTRA.
Por último, peço que tenham em conta que quando se vê uma pessoa pouco ou nada se sabe sobre ela, não conhecemos os seus valores, não conhecemos o que essa pessoa viveu e como viveu, não conhecemos a forma como foi aculturada, qual foi a sua educação, quais eram ou são os valores e crenças dos seus pais e restante família.
Todos somos diferentes, às vezes, somos muito diferentes!
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