





Em 1950, quando Mao pede à China para dar o "grande salto em frente", o Exército de Libertação Chinês ocupa Lassa, a capital do Tibete. Perante o silêncio internacional, os chineses iniciaram um "programa" de dizimação da cultura e sociedade tibetanas, sob o pretexto de ajudar os tibetanos a regressarem à pátria-mãe chinesa e de os libertar do "jugo do feudalismo". Com o início dos confrontos armados em 1959, o Dalai-Lama foi obrigado a deixar o seu país e exilar-se na Índia, em Dharmsala. Actualmente Dharmsala é a sede do governo tibetano no exílio que, liderado pelo Dalai-Lama, se dedica à causa da libertação do Tibete, através da não-violência . Juntamente com seis milhões de Tibetanos espera que a comunidade internacional reaja à situação do seu país.
Em Maio de 1951 foi imposto ao governo tibetano o "Acordo dos 17 pontos para a libertação pacifica do Tibete", que entre outras coisas, dava soberania à China sobre o Tibete, mas reconhecendo a autonomia do governo tibetano no que respeitava aos assuntos internos. A China comprometia-se a não alterar o sistema político existente, a não interferir com o estatuto do Dalai Lama e do Panchen Lama e a respeitar a autonomia , religião e costumes dos Tibetanos - clausulas nunca cumpridas pela China.
Em 1959 o não cumprimento pela China da clausula da autonomia induz a um levantamento nacional, que culmina com o exílio do Dalai Lama na Índia. A sua partida desencadeou uma repressão muito dura e a artilharia chinesa acabou facilmente com a resistência tibetana. Depois disso, 85.000 tibetanos fugiram do seu pais.
A destruição da cultura do Tibete e a opressão do seu povo foi brutal nos anos seguintes ao levantamento nacional resultando na morte de 1.2 milhões de Tibetanos, ou seja, um quinto da população. Muitos outros foram presos ou deslocados para campos de trabalho. Foi levado a cabo um processo de destruição de mais de 6000 mosteiros, templos e outros edifícios históricos.
O décimo quarto Dalai-Lama recebeu em 1989 o prémio Nobel da Paz em reconhecimento pela sua dedicação à causa da libertação do seu país por meios não violentos. O líder espiritual fala, com tristeza, da devastação dos mosteiros, da destruição das obras de arte, do desrespeito pela religião e pelo modo de vida pacífico dos tibetanos. Não procura culpar ninguém da situação no seu país e percebe a complexa teia política que impede a comunidade internacional de tomar uma posição mais dura face a um país como a China. O que impede então a comunidade internacional de actuar de forma veemente à luz dos seus valores face à violação chinesa dos Direitos Humanos ? Não há diálogo entre a República Popular da China e as organizações internacionais dos Direitos Humanos oficiais e não oficiais. O governo chinês e os seus líderes recusam-se sistematicamente a reunir com a Amnistia Internacional para debater assuntos relacionados com os Direitos Humanos. As autoridades chinesas consideram estas reuniões uma intromissão nos assuntos internos do seu país.
Os Tibetanos mantêm intacto o orgulho que sentem pela sua cultura e continuam a lutar pacificamente pela sua autodeterminação, seguindo o seu líder, Tenzin Gyatso (Dalai-Lama). Apesar da inflexibilidade chinesa em abandonar o território, apesar da repressão de que são alvo, o povo do Himalaia vai continuar a difundir a sua mensagem de amor e harmonia entre as nações, que só poderá concretizar-se com muito esforço e perseverança !
Texto: Patrícia Sá