quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

QUE ASSIM SEJA !




O Lontrices é um espaço pensado não apenas para mim, sendo ele aberto, gosto de passar uma mensagem, gosto de ter visitas, comentários, conhecer pessoas, almas, tenho a esperança de ser visitado por pessoas com mente aberta, capazes de um olhar atento, de valorizarem o que é diferente, de sentirem ternura pelo que é espontâneo.
Aquelas que sabem, como escreveu F. Pessoa, que "por mais que sentisse, sempre me faltou que sentir".

Sejam felizes, divirtam-se, arrisquem, vivam perto dos vossos sonhos.

Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.

F.Pessoa

EVERYBODY HURTS

terça-feira, 30 de dezembro de 2008

O TAMANHO CONTA...



Eu – Anda Lucas, tenho que te cortar o cabelo
Ele – Ohhh, não… Quero o cabelo grande como o do Gonçalo
Eu – Deixa lá isso, vai ficar bonito
Ele – Se me cortas o cabelo as raparigas não me amam
Eu – Que tolice, porquê?
Ele – Elas só amam os do cabelo grande
Eu – Quem já te disse isso?
Ele – A Nónó
Eu – Que te disse a Nónó
Ele – Disse que gosta do meu cabelo
Eu – Então, tás a ver…
Ele – Mas ela também me disse que ama o Gonçalo
Eu – Hããã …. !!!

EU AMO, EU AMO!


Eu amo a alma, e não a pessoa


Eu amo a cara, e não a coroa


Eu amo a corrida, e não a linha de chegada


Eu amo a estrada, eu amo a estrada


Eu amo, eu amo


fotos: kindjoy, babba, a.sousa
tema: moska

segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

HÁ, À SEGUNDA FEIRA







fotos: web e a.sousa

domingo, 28 de dezembro de 2008

NU DOMINGO




fotos: igellington, antona


DEPENDE, TUDO DEPENDE...

Para os que gostaram do JARABE neste ÁGUA aqui vai outra (já passou no Lontrices mais do que uma vez) com uma letra não menos interessante...
Dedico à C. Carrero



Que el blanco sea blanco
que el negro sea negro
que uno y uno sean dos
como exactos son los numeros
Depende

Que aquí estamos de prestao
que el cielo esta nublao
que uno nace y luego muere
y este cuento se ha acabao
Depende
Depende ¿de qué depende?
de según como se mire, todo depende

Que bonito es el amor
mas que nunca en Primavera
que mañana sale el sol
y que estamos en Agosto
Depende

que con el paso del tiempo
el vino se hace bueno
que to lo que sube, baja
de abajo arriba y de arriba abajo
Depende
Depende ¿de qué depende?
de según como se mire, todo depende

Que no has conocido a nadie
que te bese como yo
que no hay otro hombre en tu vida
que de ti se beneficie
Depende

y si quiere decir si
cada vez que abres la boca
que te hace muy feliz
que sea el dia de tu boda
Depende
Depende ¿de qué depende?
de según como se mire, todo depende

sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

DESPONTANDO PARA O MUNDO...






A menina abriu os olhos de repente, quase num susto.
Ficou ainda um tempo sem se mover, imaginando o que fizera até ali... as amizades e brincadeiras, o quanto sorriu, o quanto chorou... um risinho escapou-lhe memorizando bons momentos, de banho de mangueira, de brincar com bonecas, das tranças caindo-lhe sobre os ombros, andar descalço pelas ruas do descompromisso...
Sentou-se lentamente, enquanto lágrimas brotavam dos seus olhos... pensamentos sobre as perdas que teve, os erros que cometeu e pelos quais foi castigada.
Os dias chuvosos que a obrigaram a ficar trancada... os dias cinzentos que lhe pareceram feios quadros dependurados na parede de suas memórias... os dias de frio em que se sentia obrigada à reclusão.
A tristeza tomou seu coração e ela ficou a pensar se valia mesmo a pena levantar-se naquele dia.
As lágrimas corriam livremente pelo seu rosto, assim como outrora ela mesma correra pelos campos da sua inocência.
Porquê, às vezes, o mundo parecia tão ruim?
Porquê as pessoas pareciam tão confusas e malucas indo e vindo como num ballet alucinado?
Sentia medo, medo muito medo... o que será que aquele dia lhe reservaria?
Mas, de repente percebeu, o que a mantivera acomodada na sua confortável cama foram as delícias memoráveis que vivera e que, naquele momento, a lembrança amarga dos espinhos que perfuraram seus delicados pés, faziam-na temer o porvir...
Mais um risinho, este de convicção.

A menina levantou-se de um salto e corajosamente abriu a portada da janela.
Como um presente escondido, encontrara um dia ensolarado, com pássaros e borboletas, havia perfume de flores e tantas cores... nem mesmo o cinzento frio dos arranha-céus destoavam da paisagem, o burburinho de gente falando, carros passando, música ao longe.
Cheia da alegria e confiança que só tem quem se conhece, ela saiu rapidamente e abriu as portas que a levariam ao mundo.
Na janela não estava já uma menina.
Naquela manhã, uma mulher despontava para o mundo...



tema: dias

LONTRICES FLAGRANTES




Fotos: paulo

quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

BOAS FESTAS



TENHAM UM NATAL FELIZ.
DIVIRTAM-SE.
ALONTREM SE POSSÍVEL.

NÃO PENSES NISSO! (reedit, porque a coisa continua)


-Papá, não quero que tu morras.
-Não penses nisso, eu não morro.
-Mas quando eu ser grande como tu, tu vais morrer.
-Ainda falta muito tempo, não penses nisso.

Ele foi ver o Noddy, eu fiquei a pensar naquilo ...

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

REPLACE FEAR...


HÁ, À SEGUNDA FEIRA





domingo, 21 de dezembro de 2008

NU DOMINGO


Foto: nicolas

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

ALL' AGLIO OLIO E PEPERONCINO




Um destes dias li num desafio que circula por aí, alguém que escreveu sobre os pratos que mais gosta; “gosto de bitoque, sou uma pessoa simples”.

Profissionalmente estou ligado à gastronomia e tenho lidado com muitos mitos relacionados com a comida e especialmente com os vinhos.
Pergunto-me se há relação entre o “ser simples ou sofisticado” e as iguarias que escolhemos como favoritas.

Definitivamente acho que não, o gosto, apesar de poder ser educado e treinado não se rege pelo simples ou sofisticado mas sim pelo conhecimento e gosto pessoal que temos dos alimentos disponíveis.

Do Tartufo branco de Alba, passando pelo Caviar Iraniano ou pelo Foie Gras até ao azeite, pão e água temos uma paleta de sabores que bem combinados e desejados podem dar o mesmo prazer sem termos que recorrer à figura do simples ou sofisticado mesmo tendo em consideração que o preço que temos que pagar por estas iguarias é diverso e em alguns casos dificilmente disponível.
Desafio-vos a, sem pensarem em mitos do bom gosto ou mau gosto, dizerem os vossos pratos favoritos ou curiosidades gastronómicas da vossa família ou região.
Experiencias gastronómicas tidas em algum lugar ou locais gastronómicos que aconselham.

Já agora e para dar o mote, se eu tivesse que escolher a minha ultima refeição eu escolheria:

Esparguete com Azeite, Alho e Malagueta picada ou Pão Alentejano ligeiramente tostado com Alho raspado na tosta, Azeite e Orégãos.
Para beber escolheria um vinho, um Riesling jovem da Alsácia e Água das Pedras.

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

VEJO-TE NO INFERNO !





Sono. Muito sono. Tanto que mal consigo mover os meus braços e minhas mãos. Digito freneticamente e sem saber ao certo o que estou a escrever. Os meus olhos fecham-se lentamente, não há como lutar contra o peso descomunal das minhas pálpebras. Elas parecem pesar toneladas, medir metros e metros de pele que encobrem sem dó os meus olhos atabalhoados. O sono deixa-me vendido, despido, fraco. As pernas tremem com os espasmos de relaxamento dos músculos. Estou quase a entregar-me.

Na minha frente ainda está o copo, aproximadamente dois dedos de Coca-Cola com martini ocupam o seu fundo. No bocal, um tom estranho de vermelho mancha o vidro, aquele vermelho que antes habitava uma boca e um sonho, uma fantasia e um corpo, uma mulher e eu. Nunca, nem no meu mais desvairado pós-morte, vou esquecer aquele tom de vermelho, ao mesmo tempo agressivo e passivo, quente e frio, vivo e morto. Na minha cabeça aquela marca de batom emoldurava o meu leito de morte, e eu olhava o reflexo da minha patética figura no copo a ficar cada vez mais pálido.

Continuei a digitar, cada vez mais e mais e mais, apressado com a força que me faltava. "Uma pena que provavelmente não terei tempo de a revisar", pensei entre uma frase e outra, acometido pelo vício do perfeccionismo enquanto lia sem ver as palavras aleijadas por dedos imprecisos. Típico pensamento de quem passou a vida a tentar fazer tudo certo, para chegar agora ao ponto de morrer pela mulher errada.

Entre uma frase e outra que escrevia ela entrou novamente na sala, e eu nem a vi. Agora, passando as mãos pelo meu cabelo, ela balbucia alguma coisa que não consigo precisar, mas vejo que é entremeada de risadinhas sacanas. Não percebi que ela estava a ler o que eu escrevia, e apanhara a minha carta de despedida. Ela comenta, entre uma e outra risada, que se espantou quando eu percebi pelo gosto da bebida que alguma coisa não estava certa. E ri, a desgraçada, e ri de mim e de tudo o que eu já senti por ela.

Quando ela tenta recuperar o ar de mais uma gargalhada gozosa, sinto seus dedos enfraquecerem devagar no entrelaçar dos meus cabelos. Uma tosse, um engasgo, e vejo que ela agora lê mais uma frase, esta que acabei de escrever com palavras retalhadas de erros de digitação contando que eu havia descoberto seu plano para me envenenar e que eu a tinha envenenado também. Mesmo sabendo do seu intuito, não deixei de beber a minha bebida baptizada, pelo simples facto de não querer lidar com a realidade de saber que a mulher que eu mais amava me tentou matar.

As suas mãos caem sobre os meus ombros, o meu coração acelera os batimentos e os meus dedos já não me obedecem. Antes que meus olhos se fechem por completo ainda consigo ver sua sombra, projectada na parede à minha frente, a desabar silenciosamente ao chão. Ouço apenas o ruído de um peso a cair sobre a carpete, seco, morto. Já não tenho mais o que fazer aqui. Desisto de resistir, cedo ao peso das pálpebras e deixo-me levar. Até logo, meu amor. Vejo-te no inferno.

tema-bruno

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

NO MOMENTO CERTO...

Foto: paulo


Ele – Papá, a minha namorada já não é a Nónó.
Eu – Não?
Ele – Pois não, agora é a Carolina.
Eu – A Nónó é um fofa, sabes?
Ele – Quer dizer, eu gosto da Nónó mas também gosto da Carolina.
Eu – Lucas, e agora, que vais fazer?
Ele – Não sei…
Eu – Faz o que achares melhor.
Ele – Eu sei que achas que só tenho 5 anos e ainda é muito cedo para namorar.
Eu – Eu…!?!? Acho que deves fazer o que quiseres Lucas.
Ele – Está bem, espero pelos 6 anos então!
Eu – Hhãã… !!!

EM OUTROS TEMPOS...


“Drops de Cocaína para Dor de Dente – Cura instantânea”
Dropes de cocaína para dor de dente (1885) eram populares para crianças.
Não apenas acabava com a dor, mas também melhorava o “humor” dos usuários.

Heroína da Bayer
Um frasco de heroína da Bayer.
Entre 1890 a 1910 a heroína era divulgada como um substituto não viciante da morfina e remédio contra tosse para crianças.


Ópio para asma
National Vaporizer Vapor-OL era indicado “Para asma e outras afecções espasmódicas”.
O líquido volátil era colocado numa panela e aquecido por um lampião de querosene.


Maltine
Vinho de coca ,foi feito pela Maltine Manufacturing Company de Nova York.
A dosagem indicada diz: “Uma taça cheia junto com, ou imediatamente após, as refeições. Crianças em proporção.”



Ópio para bebês recém-nascidos
Antigamente para aquietar bebês recém-nascidos não era necessário um grande esforço dos pais, mas sim, ópio.
Este frasco de paregórico (sedativo) da Stickney and Poor era uma mistura de ópio e álcool que era distribuída do mesmo modo que os temperos pelos quais a empresa era conhecida.
“Dose – Para crianças com cinco dias, 3 gotas. Duas semanas, 8 gotas. Cinco anos, 25 gotas. Adultos, uma colher cheia.”
O produto era muito potente, e continha 46% de álcool.


segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

AGUA (re.edit)



Cómo quieres ser mi amiga
si por ti daría la vida,
si confundo tu sonrisa
por camelo si me miras.
Razón y piel, difícil mezcla,
agua y sed, serio problema.

Cómo quieres ser mi amiga
si por ti me perdería
si confundo tus caricias
por camelo si me mimas.
Pasión y ley, difícil mezcla,
agua y sed, serio problema...

Cuando uno tiene sed
pero el agua no está cerca,
cuando uno quiere beber
pero el agua no está cerca.

Qué hacer, tú lo sabes,
conservar la distancia,
renunciar a lo natural,
y dejar que el agua corra.

Cómo quieres ser mi amiga
cuando esta carta recibas,
un mensaje hay entre líneas,
cómo quieres ser mi amiga.

HÁ, À SEGUNDA FEIRA





Nunca vá para a cama com um perfeito desconhecido,
a não ser que o desconhecido seja perfeito.
(Mae West)

domingo, 14 de dezembro de 2008

NU DOMINGO


Fotos: paulo

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

PENSAMENTO VOLUNTARISTA








"Nenhuma mulher gosta do pau mole; exceptuadas dimensões aberrantes e outras variáveis sendo equivalentes, o pau maior e vistoso é preferido. Evidente que principal, principalíssimo, é quem é o proprietário do pau. Mas aí, se é pequeno, a mulher apenas deixa para lá, embora preferisse que fosse maiorzinho; é mais satisfatório, por alguma, ou várias razões. Esta é a realidade, o resto, repito, é onda e pensamento voluntarista."

In: "A Casa dos Budas Ditosos" de João Ubaldo Ribeiro