Aqueles dedos que me arrastam. Vejo as mulheres atravessadas pela noite, pelas ruas, pelo desejo alheio sem nome nem afecto. A dignidade, a humilhação, o medo, a coragem; o escuro, a luz do candeeiro; a transpiração e os seus cheiros; os mendigos, os monstros, os homens; o frio e o calor; a decisão e a indecisão; homem bom, homem mau, homem nada; ser, não ser; agora também fui aqui e também soube chamar com a sensualidade, seduzir sem desejo o desejo de quem não queria ter em mim. (...) Vou. Desta vez sou tu. Qualquer tu que me seja dado a ser. Tenho fios nas pernas, nos braços, nos dedos, no rosto, na boca; sou uma marioneta. Não me arrastam, penduram-me. Algumas vezes, cortam-me. Chamam-se palavras."
in; «Brinquedo de Estranhos, Marioneta de Sonhos» de Joana Well
3 comentários:
Adorei a forma como deste imagem às minhas palavras. Muito obrigada! :)))
Já não é a primeira vez Miss Joana, o teu trabalho é muito bom!
:)
É a segunda vez, se não me escapou nenhuma; costumo ver com frequência o teu blogue mas, por vezes, ausento-me da net dois ou três dias e perco o fio à meada. A outra vez, lembro-me bem, foi com o poema Piano nu e, claro, adorei, ficou o registo na minha memória. :)
Muito, muito, obrigada! :))))))))
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