Há 1 semana
quinta-feira, 22 de outubro de 2009
... E NÃO POSSUO !
Como eu desejo a que ali vai na rua,
tão ágil, tão agreste, tão de amor...
Como eu quisera emaranhá-la nua,
bebê-la em espasmos de harmonia e cor!...
Desejo errado... Se eu a tivera um dia,
toda sem véus, a carne estilizada
sob o meu corpo arfando transbordada,
nem mesmo assim - ó ânsia - eu a teria...
Eu vibraria só agonizante
sobre o seu corpo de êxtases dourados,
se fosse aqueles seios transtornados,
se fosse aquele sexo aglutinante...
De embate ao meu amor todo me ruo,
e vejo-me em destroço até vencendo:
é que eu teria só, sentindo e sendo
aquilo que estrebucho e não possuo.
Dispersão
Mário de Sá-Carneiro, 1914
.
-- Clica na foto para a aumentar - Publicada por
Paulo Lontro
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22.10.09
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9 comentários:
Fabulosas!
Há mulheres cujos corpos parecem delicadamente esculpidos;) Impossível não apreciar, afinal, cada mulher é uma obra de arte por si só :P
100 remos,
são bonitas, sem dúvida.
;)
Walker,
Eu diria que TODAS as mulheres têm corpos delicadamente esculpidos.
No poema de Sá-Carneiro estão adjectivos fortes para o corpo da mulher como: ágil, agreste, carne estilizada, corpo de êxtases dourados, seios transtornados, sexo aglutinante...
e quando os desejos se tornam posse... novos desejos surgem!
que lógica se encontra nas promessas para a vida?
Lindas fotos, lindos corpos, mas o poema fica muito além das fotos.
Beijinho
vício,
Às vezes tens outros desejos, às vezes não... às vezes o prazer vem do caminho percorrido até à conquista do desejo, outras vezes só atinges a felicidade quando atinges o objectivo...
Vício, podes definir “promessa para a vida”?
cantinho,
Mário Sá-Carneiro foi um grande poeta.
Gosto de tudo o que escreveu.
Nem o texto li... bloquiei nas fotos!!!
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