quinta-feira, 24 de setembro de 2009

PORQUÊ ?

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Porque pressuponho que José Luís Peixoto não vem ao Lontrices, peço-vos ajuda na interpretação da ultima parte deste texto.

Porque dirá o autor que “o amor é ter medo e querer morrer” , apenas porque não entendo e porque nunca escreveria esta frase, especialmente, o querer morrer.
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19 comentários:

M disse...

não te sei explicar...até porque para mim, amor é não ter medo, e querer viver :)

Mas o Peixoto é um bocadinho depressivo...talvez seja por isso que ele tem essa visão do amor?...ou poderá estar a falar em nome de uma personagem?...

M disse...

Então! O livro chama-se 'A Criança em Ruinas'...é claro que para a Criança em Ruinas a percepção do Amor é essa!... :D

leitanita disse...

Para mim AMOR é sempre vida! Em qualquer das suas formas...

Vera Angélico disse...

Eu ia dizer que se trata de ficção. Daí a frase. E... finalmente... a temática desejada... saber ou não o que é o amor... eheheheheh!!!

CB disse...

É ter medo de perder, de o perder. E querer morrer porquer o amor só é eterno na morte.

O último amor é que é que "é aquele que conta – é o que me aquecerá o coração num último sorriso, o que me sossegará o espírito no último fechar de olhos, e o que permanecerá na eternidade de depois da morte. Quer ali esteja de mão na mão no momento do adormecer, quer por o saber do outro lado, à minha espera para a eternidade. Esse amor assim, que vai connosco na morte, é o único que realmente contraria este poema*. O último amor é o único que conseguirá ser imortal "e" infinito, porque a sua chama nunca se apagará, mesmo que se apague a chama das nossas vidas".

* - O poema referido é do Vinícius - Soneto da Fidelidade.

http://o-destilado.blogspot.com/2009/05/quero-o-ultimo-amor.html (passe a publicidade...)

Textículos disse...

Ahh vocês não sabem o que o amorr...

:)

Vício disse...

será que foi ele que o criou?

m-a-g disse...

Porque sabia que, mais tarde ou mais cedo, o Lontrices lhe ia pegar.
Pois claro!

Anónimo disse...

E eu quando li o texto li "é ter medo de morrer". Só quando li a tua parte é que me apercebi do meu erro.

Eu estou contigo. Mas sinceramente, não quero mesmo perceber uma ideia dessas.

Missanguita disse...

O medo é de o perder.... na morte já não se perde nada. Eterniza-se.
Besta ver Romeu e Julieta. Sem hipótese de degradar o amor.

NI disse...

Já começas a ter as minhas dúvidas existenciais?
:)

Nunca gostei de Romeu e Julieta como personificação do que é o "amor".

Aliás, o que é isso de "amor"?

O que se lê nos livros e se vê no cinema?

Mais, quero lá saber do amor depois da morte. Depois de cremada não vou a lado nenhum, ahahahahah

Na verdade, contento-me com aqueles pequenos instantes em que nos sentimos especiais. :)

Almofariza disse...

Amor é precisamente o contrário...
É o libertar das amarras...
É querer agarrar a vida e...
VIVER e VIVER over and over.
Isto é uma das muitas coisas que eu acho que o amor é...

Cadês
Almofariza

P.S- Padrinho, passa lá no meu Estaminé, tenho uma coisinha para si.
Kiss and Kiss

Lize disse...

Ter medo de perder o outro... Embora se vivermos com este medo, não amamos nem vivemos!
Portanto também não concordo com o Peixoto :P Mas percebo o que quer dizer.

najla disse...

(ohhh, perdeu-se o meu comentário)...mas escrevi mais ou menos o que escreveu a Missanguita...

Julgo que existe medo, por se ter consciencia de perder. quando se morre, eterniza-se. Poderás ter medo de perder, mas não de morrer por esse amor...

Paulo Lontro disse...

A todos,

É claro que não é óbvia a possibilidade de fazer leituras de intenção a partir de um pequeno trecho de texto.

Apesar dessa dificuldade as vossas interpretações não são assim tão diferentes umas das outras.

Eu também entendo que o medo só pode ser o medo da perda, no entanto, a morte, contínua a ser um enigma para mim neste contexto, talvez por não vivo o amor como o autor ou como o personagem. Para mim, com a morte acaba o meu ser, logo qual a vantagem da morte?

Lembro-me que a ligação, Amor – Sofrimento – Morte, aparece algumas vezes nos poemas de Florbela Espanca.
Na sua obra aparecem estados emocionais ligados ao amor, desde a exaltação dos sentidos (entrega por inteiro, perda de parte de nós), até ao desejo de sacrifícios, oscilando entre momentos de plenitude e de grande fragilidade emocional (o amor é ser-mos fracos), decorrentes de relações amorosas frustradas ou que não a preencheram fazendo-a passar de momentos de ternura a momentos de desencontro e sofrimento (o amor é ter medo).

Gata2000 disse...

não sei o que quer o JLP dizer, mas sei que o amor é um sentimento tão forte que se pode ter medo de o perder, e a morte resolve o medo da perda, como diz a princesa (des)encantada.
já por outro lado...o amor que tenho ao meu filho por exemplo, não tenho dúvidas que se fosse preciso morreria para o proteger.
acho que a ideia é o despojamento, o ser capaz de abdicar, e isso não é assustador?

Ianita disse...

O tema amor-morte é tão antigo quanto a escrita... desde Homero... os Clássicos em particular adoravam esta temática... precisamente para mostrar o que NÃO é o amor. O verdadeiro amor é o da vida, o da calmia, da partilha...

O amor destador, amor paixão, amor de fazer exaltar os sentidos... esse amor causa destruição. O Romeu e a Julieta não são mais que outros Dido e Eneias ou Fedra e Hipólito ou Medeia e Jasão ou... ou... ou... ou mesmo Pedro e Inês.

O amor paixão não unifica... separa. O amor sereno é que seria, para eles, o verdadeiro amor.

Quanto ao Peixoto... este excerto aguçou-me a curiosidade. Nunca li nada dele, mas parece-me que vou gostar... porque, por mais que não concordemos, a verdade é que a vida e o mundo estão cheios de outras coisas que não nós...

Pax disse...

O que eu acho é que, lá por ter sido escrito por alguém com algum prestigio reconhecido, não significa que tenha de fazer sentido; até porque (para mim, claro), amar é querer viver mais ainda! Agora se o moçoilo tem tendência para problemas depressivos, isso já é outra coisa... ;)

Venúsia disse...

Li a maioria das respostas, algumas na diagonal confesso. A primeira coisa em que pensei ao ler a parte do “querer morrer”, foi na expressão francesa que designa o orgasmo como la petite mort. Só que depois não encaixa muito com o “ter medo”…
escritores… nunca sabemos realmente o que lhes vai na cabeça… lol
beijinho Paulo