terça-feira, 11 de novembro de 2008

AMAR É ...

« - Essa é uma das minhas dúvidas: um homem e uma mulher não podem viver na dialéctica e muito menos nesta pedagogia doméstica de se ensinarem como é que um quer o outro. O futuro não vai conhecer a dialéctica e o amor entre duas pessoas tem que ser o nosso ensaio de futuro, pelo menos aquele que nos é mais acessível.
Amar é uma atitude de compreender e aceitar: é reconhecer os outros e respeitar a sua liberdade.
...
Ela sorriu-se, a fazer-se de irónica:
- Até parece que não são as pessoas que fazem as guerras...
- Pois são, e com isso é que eu não me conformo. Se eu não consigo evitar as minhas guerras, com que autoridade é que fico para condenar as outras? Uma negra da Baía disse-me uma vez: «quando há mais de dez pessoas, gente vira natureza». Mas duas pessoas são ainda uma medida humana, ainda estão num espaço em que são responsáveis por aquilo que fazem e por aquilo que querem. É absurdo que não sejam capazes de construir à sua volta um pequeno espaço pacífico e harmonioso.
- Mas então, porque é que tu não me aceitas?
- Nisso tens razão. Eu acho que só aceito quem esteja já no meu projecto. É uma coisa em que gastei a minha vida toda e não estou disposto a voltar atrás.»

António Alçada Baptista
In: O Riso de Deus






4 comentários:

Ianita disse...

Adorei. Mesmo.

Kiss

Vício disse...

aquela tipa, apesar de ter muita pinta, tem a alma um pouco descaída, não achas?

Cati disse...

Excelentes escolhas Paulo!

TM disse...

E porque é que perdemos tanto tempo a tentar justificar, ou explicar, algo... enquanto nos podiamos dedicar apenas a sentir....