terça-feira, 25 de novembro de 2008

LOUCO... EU?






"Mas afinal o que vem a ser a loucura? Um enigma...
Por isso mesmo é que às pessoas enigmáticas, incompreensíveis, se dá o nome de loucos...
Que a loucura, no fundo, é como tantas outras, uma questão de maioria.
A vida é uma convenção: isto é vermelho, aquilo é branco, unicamente porque se determinou chamar à cor disto vermelho e à cor daquilo branco.
A maior parte dos homens adoptou um sistema determinado de convenções: É a gente de juízo...
Pelo contrário, um número reduzido de indivíduos vê os objectos com outros olhos, chama-lhes outros nomes, pensa de maneira diferente, encara a vida de modo diverso. Como estão em minoria, são doidos...
Se um dia porém a sorte favorecesse os loucos, se o seu número fosse o superior e o género da sua loucura idêntico, eles é que passariam a ser os ajuizados.
Na terra dos cegos quem tem um olho é rei, diz o adágio: na terra dos doidos, quem tem juízo, é doido, concluo eu.
É um secreto pensamento que mo afirma.
Enganaram-se vocês e os médicos com isso a que chamaram loucura.
O vosso espírito é demasiadamente acanhado para compreender tudo quanto não seja o comum... o vulgar...(...)
O filho, quando nasce, martiriza, tortura a mãe... mata-a muitas vezes, e não ri ao chegar ao mundo, não ri, chora e grita. (...)

Um pensamento me atravessou agora o espírito: Serei um louco?...
Talvez... é possível...sou um louco, um louco.
Que me importa?
Quero saber! Quero saber!

M.S.C.

11 comentários:

Ianita disse...

Louca... Eu? Sim. :)

Sem a loucura que é o homem
Mais que a besta sadia,
Cadáver adiado que procria?

(Fernando Pessoa)

Ser doido-alegre, que maior ventura!
Morrer vivendo p'ra além da verdade.
É tão feliz quem goza tal loucura
Que nem na morte crê, que felicidade!

Encara, rindo, a vida que o tortura,
Sem ver na esmola, a falsa caridade,
Que bem no fundo é só vaidade pura,
Se acaso houver pureza na vaidade.

Já que não tenho, tal como preciso,
A felicidade que esse doido tem
De ver no purgatório um paraíso...

Direi, ao contemplar o seu sorriso,
Ai quem me dera ser doido também
P'ra suportar melhor quem tem juízo.

(António Aleixo)

Ana Camarra disse...

Paulo

Eu gosto de ser um pouco louca, faz-me falta!

um beijo

Afrodite disse...

Eu sou mais para o doidona às vezes, louca outras tantas e maluquita quando me apetece :)...de tolos e loucos todos temos um pouco!!!!

Abreijossssssssssssss

Pax disse...

Fica descansado: claro que és um louco!
Se ser louco é ver o mundo de uma maneira diferente de tantas maiorias "lúcidas"... então ser louco é ser o mais saudável que um ser humano pode pretender ser.

:)

@me@@@ disse...

excelente post... vivemos tão obscados em seguir os "factos sociais" que desde sempre nos foram apresentados como certos e unânimes, que tudo/ todos os que sejam diferentes são loucos... nunca tinha pensado nisto até ao dia em que li um livro que apresentava esta triste verdade, a que nós chamamos de realidade e verdade absoluta!!

:-)

Paulo Lontro disse...

> inani,
pois claro. :)

> Ana,
a quem não faz falta?

> Afrodite,
se assim não fosse a vida seria um tédio... é esse bocadinho de insanidade que nos torna interessantes e únicos.

> Pax,
Sim sou louco, louco à minha maneira.
Penso no que é que cada um de nós tem atrás daquele emaranhado de pessoas a que chamamos sociedade, será que todos nós queremos viver dentro dela?
Como se pode viver um pouco à margem sem ser marginalizado?

Ainda hoje não sei se o que procuro, se é uma forma de viver nesta sociedade que me parece já um filme surrealista, daqueles onde o fim se está mesmo a ver mas as pessoas insistem nos mesmo erros (se calhar eu também), ou se quero encontrar uma forma de viver não convencional mas que permita ver um pouco mais “por fora” o que raio andamos aqui a fazer.

Se isto é ser louco... Claro que sou, pelo menos enquanto que tiver saúde...

> @me@@@,
pois é linda, pois é... seguimos os "normais", e vivemos numa sociedade onde nada é diferente, tudo é igual, já não há pessoas diferentes (há poucas), compramos a vida em lojas iguais, em centros comerciais iguais, comemos em restaurantes iguais, com comida igual, fazemos sempre as mesmas estradas , e….. temos mesmo que manter um pouco de loucura senão vamos morrer como todos morrem e isso eu queria evitar a todo o custo!

Pax disse...

"Como se pode viver um pouco à margem sem ser marginalizado?"

Escolhendo para viver uma sociedade com a qual nos identifiquemos. O que não deixa de ser dificil porque, mesmo dentro dela haverá sempre quem marginalize, critique, exclua, etc.
Ou não dar demasiada importancia a quem, com o seu preconceito, nos tenta fazer marginais.

"(...) ou se quero encontrar uma forma de viver não convencional mas que permita ver um pouco mais “por fora” o que raio andamos aqui a fazer."

E não és só tu, acredita. :)

I.D.Pena disse...

É sempre engraçado quando descubro um blogue pela primeira vez, porque coincidências acontecem e o que é certo é que este post tem muito a ver com o post que escrevi recentemente, muito bom ahahah. Continua :)
...

;)

Missanguita disse...

sim, um pokito... mas que graça tinha se não fosse assim?

Lize disse...

:)
Concordo com alguns dos comments. Somos todos um pouco doidos. Nem que seja doidos por tão pouco doidos que sejamos.
Sim, porque para nós loucos e doidos desde mundo, quem tem juízo é o quê aos nossos olhos? Mais um doido... tal e qual como nós somos aos olhos deles... Faz parte da natureza humana.

Beijocas

Filipe Rodrigues disse...

Boas!

Nietzsche, um dos maiores pensadores do último século, também era um louco!
No entanto criou Zaratustra!
Criou o inverso de tudo!

Abraço