sexta-feira, 14 de novembro de 2008

O ERRO EXISTE? EM QUE CONTEXTO?

Eu entendo bem o que todos querem dizer quando afirmam que se aprende com os erros ou que é importante errar para aprender ou ter novas experiencias. Não há pessoas melhores ou piores e ainda entendo que cada um teve a sua própria educação e experiencias que deixam as marcas na maneira de ser a viver.

Eu tenho no entanto alguma dificuldade em entender a palavra erro inserida no contexto das decisões alguma vez tomadas em determinado momento da vida.

Eu concebo o erro apenas quando uma decisão é tomada sabendo logo à partida quem a toma que as consequências dessa decisão vão ser negativas. Ou seja uma decisão tomada com maldade ou má fé.

Ao longo da vida vamos tomando decisões e, normalmente, esperamos consequências positivas dessas escolhas. Apenas mais tarde e em muitos casos muito mais tarde, se pode verificar que as consequências das escolhas de um ou outro caminho não são, ou já não são, como se esperava que viessem a ser.

Será que eu quero dizer que nunca erramos?
Sim, quero dizer isso mesmo!

Os erros não existem, a não ser no caso referido, e não existem porque quando tomamos uma decisão fazemos sempre mais do que se não tivéssemos tomado nenhuma. Posso ainda colocar a possibilidade de pensar que erra quem não toma decisão nenhuma, que se fica, que pára na vida, quem não arrisca, quem não sai das rotinas diárias, quem nunca é insensato e quem desiste.

Os que num momento de encruzilhada escolhem uma estrada apenas podem, na pior das hipóteses, e mais tarde ou mais cedo, verificar que o caminho escolhido não resultou na expectativa que se tinha dele e aí há uma oportunidade de mudar e melhorar ou seja a tomada de decisões ensina, as experiencias resultantes das escolhas são a escola.

Se vos parece que é apenas uma questão de dialéctica, eu alerto para o facto de, geralmente, quem não pensa em erro e pensa em escolhas tomadas, e que se podem corrigir se se verificar que isso é necessário, são pessoas mais felizes, antecipam menos as dificuldades e os problemas que na realidade podem não vir nunca a existir, são também os que arriscam mais e por isso têm mais possibilidades de aprender a viver.



Fotos: simmons e web

12 comentários:

Lize disse...

Concordo plenamente... Até porque, mesmo que uma decisão tenha sido mal tomada e tenha sido um "erro", fez-nos aprender que não o devemos fazer, dizer, etc. Essas coisas fazem-nos crescer!

Beijocas

Cati disse...

Excelente reflexão!

Bom fim de semana!

Ianita disse...

O que se pode corrigir são os erros, ou não? :)

E, se pensares bem, nunca poderemos corrigir seja o que for. Porque é impossível voltar ao momento da escolha primordial sem o conhecimento das consequências que temos hoje. Podemos alterar a nossa forma de escolher caminhos, a nossa maneira de agir em situações idênticas, ou ir outra vez à mesma encruzilhada e escolher o outro caminho, mas isto não é corrigir. Isto é condicionar o nosso comportamento a aprendizagens anteriores, a erros? A falhanços? A tentativas anteriores, diria talvez. Mas se não há erros, e acredito que não os haja, muito menos haverá correcção.

Dialética? Talvez. :)

Kisses

Paulo Lontro disse...

iani, é impossível voltar ao mesmo ponto de partida mas é possível recomeçar noutro ponto de partida via um mesmo objectivo, um mesmo fim.

Não podendo condicionar um novo inicio podes no entanto condicionar um novo fim mesmo que para isso se tenha que percorrer uma nova estrada, talvez uma mesma que não foi escolhida anteriormente.

Concordo que não há correcções, o que está feito é definitivo e, sabes iani, que é exactamente por isso que nós devemos ser responsáveis, e únicos responsáveis, pelas consequências dos nossos actos. Só assim nos podemos considerar pessoas livres.

Ianita disse...

Nem mais!

Há muito quem pense que liberdade é fazer tudo o que queremos, mas não é, uma vez que somos seres sociais e não vivemo sozinhos. Liberdade exige responsabilidade. E se agirmos com responsabilidade, não poderemos jamais chamar a nossa acção de erro. Concordo.

Sinceramente, de todas as qualidades que uma pessoa deveria ter, a responsabilidade é a mais importante porque, só por si, engloba muitas outras como o respeito, a honestidade, a ombridade...

Kiss

Nagareboshi disse...

é estranho mas quando se fala em erro eu penso logo em pecado e quando penso em pecado lembro-me do padre me pedir para me confessar e antes da primeira comunhão e de eu dizer que tinha dado um pontapé a uma rapariga mas que ela o tinha merecido e lembro-me de ele me ter mandado rezar de de mesmo assim eu ainda achar que ela tinha merecido, ou seja, eu não acredito no arrependimento quando as coisas são feitas porque é a escolha certa ou quando são feitas sem querer...se fizemos mal porque não sabemos melhor aprendemos,se fazemos mal para não fazer pior o que se pode fazer?

Patrícia Villar disse...

Sábias palavras...o único "erro" que existe é mesmo o não arriscar, o não tomar opções, o não seguir um caminho, aliás, a isto nem chamo um erro, chamo "não viver".

Paulo, obrigada por este texto, obrigada pelos "ensinamentos" que vais partilhando e...obrigada!

Beijinhos

Pax disse...

Como já sabias :), concordo contigo.
É por tudo isso que acho até que nunca nos deveriamos arrepender de decisões tomadas no passado, ainda que não se tenham revelado como gostariamos, no futuro.
Se as tomamos assim foi porque, naquele momento, achamos que seria o melhor e, portanto, podemos lamentar que tenham ficado aquém do esperado ou mesmo desastrosas mas nunca arrependermo-nos da decisão. Até porque também nunca saberemos se, ao tomar outro caminho, não teriamos caido num monte de silvas ou perdido tantas outras coisas boas ;), quem sabe?
E também acho que quase tudo pode ser corrigido. Se a direcção escolhida não for, hoje (mais uma opção de decisão) a que melhor nos parece, ainda que não possamos ir ao inicio do percurso, pelo menos uns passos atrás podemos sempre dar e muitas vezes são esses pequenos passos que fazem toda a diferença.

Bom Domingo :)

Anónimo disse...

Paulo,

Percebo o teu raciocínio, mas não concordo na quase totalidade com ele, lamento amigo.

Bom, as decisões são tomadas, e mesmo quando não se faz algo, a decisão também foi tomada, a de não fazer nada!

Sou empresário, e vivo do risco das decisões que tomo.
A meu ver, o erro, normalmente está
associado ao caminho que se define para chegar a um objectivo, muito embora o objectivo possa não estar bem definido, o que comumente se designa também como um erro.

Numa decisão com risco, significa que se tudo correr bem, ou seja, se as coisas acontecerem de acordo com as expectativas, então não se errou. O contrário, NORMALMENTE, significa que se errou. E isto não significa que tenha de haver má-fé na decisão tomada.

basta que o risco seja calculado com base em determinadas permissas e essas permissas falhem a meio do percurso. Posso dar aqui vários exemplos do que estou a dizer.

Agora importante, é estarmos atentos e podermos corrigir as acções que estavam planeadas para atingir um objectivo, quando percebemos que algo vai influenciar o curso normal das coisas, não permitindo atingir esse objectivo.

Por consequência, devemos a partir desse momento, estar atentos à experiência adquirida, para quando voltarmos a planear, não cairmos na mesma situação. A isso chamo aprender com o erro.

Um gandabraço.

Paulo Lontro disse...

tretoso,
Não tens que lamentar, meu caro, é bom haver opiniões divergentes.
Neste caso eu esperava-as.
É no entanto um questão mais dialéctica do que divergência de conteúdo.
Aparece sempre. :)

Anónimo disse...

Paulo,

as minhas desculas por dois erros que cometi, premissas e não permissas.

Obrigado

Paulo Lontro disse...

"as minhas desculas "

"Desculas" ?? 2 erros não, 3 !!
LOL LOL LOL

Tretoso isto é só para me provares que se pode dar erros ... !!!
rs rs rs rs ...... :) :)
Erros destes damos todos a toda a hora. No problem!