segunda-feira, 17 de novembro de 2008

JÁ DEIXEI O MEU AMOR, JÁ FIZ A VONTADE AO MUNDO.






Busquei na saudade funda
Que os seus olhos me deixaram
A coragem -
E a firmeza resistente
Pra fugir da sua vida.

Agora, já sou aquele
Que os outros querem que eu seja:
Normal, um pobre diabo
Que obedece ao preconceito
Moralíssimo, profundo,
De beijar a eterna esfinge...

- Já deixei o meu amor,
Já fiz a vontade ao mundo.

António Botto

17 comentários:

Lize disse...

Grandeeee poema *.*
Sem dúvida que entre fazer a vontade ao mundo e deixar o nosso amor, seja ele homem, mulher, mais "normal" pelas normas da sociedade ou não... deixar o amor é a pior escolha possível...

Beijocas

Ana Camarra disse...

Versos e imagens inquietantes.
Porque se terá que reduzir tudo a estereotipos?
O que será ser "normal"?
Eu não sei...

M. disse...

Boas Paulo,

Vim retribuir a visita.
Venho cá com alguma regularidade quando mas ainda não tive oportunidade de explorar o blog mais atentamente, coisa que espero conseguir fazer nos próximos tempos.

Hasta!

M.

M. disse...

p.s. O quando está a mais...

É cedo.

M.

Ianita disse...

Às vezes é preciso.

A maior prova de amor é deixarmos partir o nosso amor, dar-lhe liberdade.

Agora o Mundo... O Mundo não sabe nada.

Kiss

Papinha disse...

Poema lindissimo, amar é saber dar asas a quem amamos. Mesmo que isso nos traga a nossa infelicidade!!

Um beijo grande!!
P@pinh@

Anónimo disse...

Paulo,

O António Botto era sem dúvida um grande poeta mas, lamentavelmente era... pedófilo!...

Não sei se é este o poema, mas acho que sim, onde lamenta o afastamente de um jovem de 14 anos!....

Não tenho nada contra as opções sexuais de cada um, desde que sejam entre adultos.

Enfim!...

Um gandabraço

Paulo Lontro disse...

> lize,
de facto o que está aqui em causa é a pressão da sociedade sobre as pessoas homo. A homofobia ou homofobias provocam dramas pessoais inimagináveis a tantos que se amam.

> ana,
sim, inquietante. Inquietante que haja tantos a julgar os outros e tão pouco a olhar para as suas próprias acções.

> m.,
obrigado, a porta está aberta. hasta.

> iani,
eu diria que os amores não são de ferro como não o são os corações que sofrem com estes medos ridículos.

> papinha,
este caso é bem pior, dá a ideia que as asas apenas são dadas porque a sociedade homofóbica assim o obriga. É terrível pensar que parte destes desamores vêm da pressão que a sociedade faz sobre os amantes e não propriamente da vontade destes em se despedirem.

Paulo Lontro disse...

> tretoso,
obrigado por teres aparecido. Eu não sei nada da vida deste poeta. O que entendi do texto foi a homossexualidade e a necessidade de um afastamento devido à pressão social homofóbica.
Caso seja o caso que referes, pedofilia, lamento não o ter entendido, mas não é de todo claro.

Anónimo disse...

Paulo,

Infelizmente, para uma pessoa com os dotes que ele tinha, foi lamentável a sua postura como ser humano.

Nota, admiro a sua forma de escrever e de se expressaar, mas abomino o ser humano que ele foi.

Aliás, ele chegou a ser preso por prática de pedofilia.

Um gandabraço

Anónimo disse...

Paulo,

Desculpa voltar à carga, mas basta leres o seguinte:

"Ouve meu anjo" e "Anda vem... porque te negas?"

Há um outro poema que não me recordo o título, mas ou é "Os miúdos" ou é "os fedelhos"
um gandabraço

Paulo Lontro disse...

tretoso, eu já fui ler um pouco sobre ele. De facto a sua homossexualidade era por demais conhecida (apesar de homem casado) e por isso, ele foi despedido da função publica e teve mesmo que fugir para o Brasil onde viveu e morreu atropelado, tal como nos últimos anos cá, morreu na miséria. Na biografia nada fala, obviamente de pedofilia, mas acredito no que dizes e apesar de admirado por tantos, como Pessoa, J.Régio e até Salazar, é lamentável que ele tenha sido além de um grande poeta, também, pedófilo.

Anónimo disse...

Paulo,




Inédito

Nunca te foram ao cu
Nem nas perninhas, aposto!
Mas um homem como tu,
Lavadinho , todo nu, gosto!

Sem ter pentelho nenhum
com certeza, não desgosto,
Até gosto!
Mas... gosto mais de fedelhos.

Vou-lhes ao cu
Dou-lhes conselhos,
Enfim... gosto!


(de "Antologia de poesia portuguesa erótica e satírica")

Pode ser encontrado em:

http://cseabra.utopia.com.br/poesia/poesias/0016.html

Era este o poema que falava há pouco.
Naquele tempo, foi mais fácil atribuir apenas a acusação de homossexialidade que o cúmulo de pedofilia, particularmente porque ele frequantava os meios eruditos em Portugal. Era amigo de Fernando Pessoa.

Um gandabraço

Anónimo disse...

Paulo,

Espero que não leves a mal o que eu fiz, mas apenas pretendi desmistificar a sexualidade desse senhor.

Volto a frisar que discordo da marginalização da homossexualidade.

Um gandabraço

Vício disse...

e porquê baixar as guardas ao que os outros querem?

Ianita disse...

OK... Que nojo!

E por mais que antigamente fosse normal (e foi! e quando digo antigamente falo da antiguidade clássica), isto mete-me impressão e pronto.

Ainda tentei ver o sentido satírico do poema (visto constar de uma colectânea de poesia erótica e satírica), mas... escapa-me.

Paulo Lontro disse...

> tretoso,
como posso levar a mal quem participa no Lontrices da forma como o fazes?

> vício,
não é que não entendi pá, juro...

> iani,
sim é nojento! Quem não escapa são as pobres vítimas. Não dá para entender.