Busquei na saudade funda
Que os seus olhos me deixaram
A coragem -
E a firmeza resistente
Pra fugir da sua vida.
Agora, já sou aquele
Que os outros querem que eu seja:
Normal, um pobre diabo
Que obedece ao preconceito
Moralíssimo, profundo,
De beijar a eterna esfinge...
- Já deixei o meu amor,
Já fiz a vontade ao mundo.
António Botto
17 comentários:
Grandeeee poema *.*
Sem dúvida que entre fazer a vontade ao mundo e deixar o nosso amor, seja ele homem, mulher, mais "normal" pelas normas da sociedade ou não... deixar o amor é a pior escolha possível...
Beijocas
Versos e imagens inquietantes.
Porque se terá que reduzir tudo a estereotipos?
O que será ser "normal"?
Eu não sei...
Boas Paulo,
Vim retribuir a visita.
Venho cá com alguma regularidade quando mas ainda não tive oportunidade de explorar o blog mais atentamente, coisa que espero conseguir fazer nos próximos tempos.
Hasta!
M.
p.s. O quando está a mais...
É cedo.
M.
Às vezes é preciso.
A maior prova de amor é deixarmos partir o nosso amor, dar-lhe liberdade.
Agora o Mundo... O Mundo não sabe nada.
Kiss
Poema lindissimo, amar é saber dar asas a quem amamos. Mesmo que isso nos traga a nossa infelicidade!!
Um beijo grande!!
P@pinh@
Paulo,
O António Botto era sem dúvida um grande poeta mas, lamentavelmente era... pedófilo!...
Não sei se é este o poema, mas acho que sim, onde lamenta o afastamente de um jovem de 14 anos!....
Não tenho nada contra as opções sexuais de cada um, desde que sejam entre adultos.
Enfim!...
Um gandabraço
> lize,
de facto o que está aqui em causa é a pressão da sociedade sobre as pessoas homo. A homofobia ou homofobias provocam dramas pessoais inimagináveis a tantos que se amam.
> ana,
sim, inquietante. Inquietante que haja tantos a julgar os outros e tão pouco a olhar para as suas próprias acções.
> m.,
obrigado, a porta está aberta. hasta.
> iani,
eu diria que os amores não são de ferro como não o são os corações que sofrem com estes medos ridículos.
> papinha,
este caso é bem pior, dá a ideia que as asas apenas são dadas porque a sociedade homofóbica assim o obriga. É terrível pensar que parte destes desamores vêm da pressão que a sociedade faz sobre os amantes e não propriamente da vontade destes em se despedirem.
> tretoso,
obrigado por teres aparecido. Eu não sei nada da vida deste poeta. O que entendi do texto foi a homossexualidade e a necessidade de um afastamento devido à pressão social homofóbica.
Caso seja o caso que referes, pedofilia, lamento não o ter entendido, mas não é de todo claro.
Paulo,
Infelizmente, para uma pessoa com os dotes que ele tinha, foi lamentável a sua postura como ser humano.
Nota, admiro a sua forma de escrever e de se expressaar, mas abomino o ser humano que ele foi.
Aliás, ele chegou a ser preso por prática de pedofilia.
Um gandabraço
Paulo,
Desculpa voltar à carga, mas basta leres o seguinte:
"Ouve meu anjo" e "Anda vem... porque te negas?"
Há um outro poema que não me recordo o título, mas ou é "Os miúdos" ou é "os fedelhos"
um gandabraço
tretoso, eu já fui ler um pouco sobre ele. De facto a sua homossexualidade era por demais conhecida (apesar de homem casado) e por isso, ele foi despedido da função publica e teve mesmo que fugir para o Brasil onde viveu e morreu atropelado, tal como nos últimos anos cá, morreu na miséria. Na biografia nada fala, obviamente de pedofilia, mas acredito no que dizes e apesar de admirado por tantos, como Pessoa, J.Régio e até Salazar, é lamentável que ele tenha sido além de um grande poeta, também, pedófilo.
Paulo,
Inédito
Nunca te foram ao cu
Nem nas perninhas, aposto!
Mas um homem como tu,
Lavadinho , todo nu, gosto!
Sem ter pentelho nenhum
com certeza, não desgosto,
Até gosto!
Mas... gosto mais de fedelhos.
Vou-lhes ao cu
Dou-lhes conselhos,
Enfim... gosto!
(de "Antologia de poesia portuguesa erótica e satírica")
Pode ser encontrado em:
http://cseabra.utopia.com.br/poesia/poesias/0016.html
Era este o poema que falava há pouco.
Naquele tempo, foi mais fácil atribuir apenas a acusação de homossexialidade que o cúmulo de pedofilia, particularmente porque ele frequantava os meios eruditos em Portugal. Era amigo de Fernando Pessoa.
Um gandabraço
Paulo,
Espero que não leves a mal o que eu fiz, mas apenas pretendi desmistificar a sexualidade desse senhor.
Volto a frisar que discordo da marginalização da homossexualidade.
Um gandabraço
e porquê baixar as guardas ao que os outros querem?
OK... Que nojo!
E por mais que antigamente fosse normal (e foi! e quando digo antigamente falo da antiguidade clássica), isto mete-me impressão e pronto.
Ainda tentei ver o sentido satírico do poema (visto constar de uma colectânea de poesia erótica e satírica), mas... escapa-me.
> tretoso,
como posso levar a mal quem participa no Lontrices da forma como o fazes?
> vício,
não é que não entendi pá, juro...
> iani,
sim é nojento! Quem não escapa são as pobres vítimas. Não dá para entender.
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